O jovem no mercado de trabalho atual: funcionário acomodado ou empreendedor?
Rio de Janeiro, RJ 1/3/2021 – Em 2008, no Brasil, pela primeira vez em nove anos, a participação dos empreendedores entre 18 e 24 anos superou a das demais faixas etárias.
Pesquisas apontam números fortes em relação ao vínculo empregatício do jovem trabalhador. Desde funcionário a gerador de empregos, a variação de categorias tem sido grande.
Muito se tem falado das principais diferenças entre a atual geração e a anterior. As comparações têm deixado espaço para divergências, mas o que parece ter ‘pegado’ é um dos nomes dados à atual geração: a “geração mi mi mi”. Tal expressão se refere ao fato de o jovem atual ser visto como “excessivamente melindrado” com as circunstâncias da vida, e pouco reativo diante dos incômodos sofridos.
Apesar da alcunha que têm carregado, há jovens que discordam veementemente desta classificação. “Não se pode generalizar”, afirmam alguns. “Temos consciência do papel social que desempenhamos e queremos colaborar para um fortalecimento social de forma econômica, educacional e tecnológica, porque o mundo avança nestas direções e não segui-las seria andar na contramão do processo”, explica Thiago Oliveira (33), empreendedor e CEO.
Uma pesquisa realizada em 2020, com dados do IPEA (Instituto de Pesquisas Avançadas) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre o tipo de vínculo dos jovens no mercado apontou que, de 18 a 24 anos, em 2017, 91% possuíam contratos celetistas, com uma queda de 2,0 pontos percentuais em relação a 2012. Os contratos de aprendiz cresceram 3,0 pontos percentuais em relação a 2012, chegando a 4,9% em 2017. Os contratos temporários caíram 0,8 p.p. em todo o período analisado e representam 3,7% dos ocupados nesta faixa etária em 2017. Para os jovens de 25 a 29 anos, 96,5% dos contratos são celetistas e 3,1% são temporários. No período 2012-2017, houve um crescimento de 0,7 p.p. dos jovens celetistas.
Outra pesquisa apontou que, no Brasil, quase 11 milhões de jovens de 15 a 29 anos não estavam ocupados no mercado de trabalho e nem estudando ou se qualificando, de acordo com a Pnad Contínua, suplemento Educação, realizada pelo IBGE em 2018.
Mas, apesar de a pesquisa apontar um panorama que enxerga somente o perfil do jovem que participa do mercado de trabalho em forma de colaborador, há os empreendedores que não detém este mesmo perfil.
Em 2008, no Brasil, pela primeira vez em nove anos, a participação dos empreendedores entre 18 e 24 anos superou a das demais faixas etárias, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Um quarto dos jovens brasileiros nesse intervalo de idade denominava-se como empreendedor, o que representava a maior taxa entre os países da América Latina e dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul). Entre 42 países que participaram da pesquisa do GEM em 2008, o Brasil ocupava a terceira posição (25%), sendo superado apenas pelo Irã e pela Jamaica (28%). Em 2019, estimou-se que quase 7 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos tinham empreendimentos, em estágio inicial ou já estabelecidos. Entre os jovens adultos de 25 a 34 anos, esse número passava dos 12 milhões.
Empresário, empreendedor, estrategista de várias marcas e proprietário de quatro empresas aos 36 anos, Cássio Pacheco é um caso de empreendedor jovem e que não recusa trabalho. Bastante requisitado para fazer campanhas publicitárias e eventos, o carioca de origem da classe média conta que quase sempre precisa abrir mão da vida pessoal, como namorar, por exemplo, em função de tantos compromissos.
“Penso muito em diminuir o ritmo de trabalho, mas ainda não dá. Tenho 36 anos e quero parar de trabalhar com 41. Quero escolher o que eu vou fazer quando chegar nessa idade. Hoje eu tenho que fazer tudo o que aparece”, explica.
Olhando todos esses dados, é difícil concluir um futuro de forma assertiva para o jovem no Brasil. O que se pode obter de conclusão é que há caminhos para se buscar um diferencial de mercado e que, uma vez se dedicando, qualificando e aceitando os desafios oriundos da escolha por empreender, o resultado é sempre projetado com muito entusiasmo e otimismo. Ao certo, somente aguardando os dados das próximas pesquisas.
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