Pesquisa aponta que 71% dos advogados do Rio de Janeiro tiveram redução na remuneração por conta da pandemia
São Paulo – SP 17/5/2021 –
Além da diminuição de salários, 40% dos profissionais de advocacia perderam seus empregos desde o início da adoção do modelo de home office
Um levantamento produzido pelo Grupo Trab21, em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (Caarj) e a Ouvidoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), revelou dados preocupantes sobre a redução na remuneração dos advogados do estado. Desde o início da pandemia, 71% dos profissionais sofreram com a diminuição de salário, sendo que dois a cada cinco trabalhadores do setor foram demitidos.
Ao todo, participaram da pesquisa 4.437 profissionais, dos quais 71% correspondem a trabalhadores autônomos, 69% viram a renda familiar diminuir no período e outros 49% tiveram que procurar amparo financeiro. Recorreram ao auxílio emergencial oferecido pelo governo 19% dos entrevistados e somente 3% pediram ajuda à OAB.
Um dado importantíssimo é que apenas 27% dos advogados impactados pelos cortes salariais tiveram uma redução dentro do que é estabelecido pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Segundo a Lei n.º 14.020/2020, a diminuição dos pagamentos deve ser proporcional ao salário e à jornada de trabalho. Porém, indo na contramão do que estabelece a lei, 58% dos profissionais trabalharam sem retração de expediente, alguns trabalharam até além do horário comercial.
Home office e suas consequências
Se, antes da pandemia, de um a quatro advogados atuavam em casa, com as restrições sociais e o emprego do modelo de trabalho remoto, o número subiu para 85%. Devido às mudanças radicais no dia a dia, mais da metade dos profissionais (57%) passaram a sofrer com algum tipo de distúrbio psicológico. Dentre eles, mais de 20% relataram sintomas de depressão, ansiedade, tristeza, insônia ou pânico. Já outros 63% se sentem mais estressados, 59% estão mais cansados e 44% reclamam da pressão dos chefes.
Com todas as condições precárias de trabalho enfrentadas desde então, muitos advogados passaram a ver o trabalho invadir suas vidas pessoais, até mesmo fora do horário de expediente. Dentre os 96% dos entrevistados que utilizam o WhatsApp para se comunicar, 22% afirmam abrir o aplicativo em média 41 vezes ao dia para lidar com demandas profissionais. Mesmo atuando à distância, 28% dos trabalhadores alegam se sentir monitorados, sendo 67% por meio de programas de mensagem instantânea ou e-mail e 64% por meio dos celulares.
Desigualdade de gênero
Representando mais da metade dos advogados do estado do Rio de Janeiro (54%), as mulheres sofreram mais com os impactos da pandemia do que os homens, aponta o estudo do Grupo Trab21, Caarj e OAB. A pesquisa mostra que 46% das advogadas fluminenses perderam seus empregos após a adoção do modelo de trabalho remoto, diante de 35% de demissões entre os profissionais do gênero masculino.
Quando o assunto é trabalho doméstico, 58% das profissionais do Direito passaram a gastar em média de três a quatro horas de serviço para cuidar da casa, sendo que apenas 26% dos advogados dedicam tempo semelhante às mesmas atividades. Além disso, enquanto somente 3% das mulheres não realizam nenhuma tarefa doméstica, esse número chega a 18% entre os homens.
Os desafios da automação nos escritórios de advocacia
Como não poderia ser diferente, os avanços tecnológicos vêm trazendo cada vez mais facilidades para o mundo corporativo, automatizando processos e conectando pessoas. Mas, apesar da digitalização ser um dos grandes trunfos para os escritórios de advocacia, ela ainda apresenta alguns desafios aos profissionais do Direito de adaptação e implantação em sua rotina de trabalho, sem que a tecnologia substitua o serviço humano.
Mesmo antes do início da pandemia da Covid-19, o processo de automação nas empresas já vinha se fortalecendo e, agora, parece ter se consolidado de vez com a utilização de programas e recursos digitais que potencializam a atuação profissional de advogados. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), em 2018, cerca de 77% dos escritórios de advocacia já utilizavam algum tipo de software jurídico para gerir suas atividades.
Esses programas são capazes de automatizar uma série de atividades consideradas repetitivas e cansativas, como organizar e gerenciar calendários e prazos processuais. Além disso, muitos deles oferecem um sistema de armazenamento e troca de informações sobre processos e outros escritórios, melhorando a produtividade profissional e a organização de dados.
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