Open Banking chega à segunda fase, mas empresas e consumidores ainda desconhecem sistema
São Paulo, SP 25/6/2021 – Proximidade do fim do prazo para cumprir segunda fase deve gerar corrida nas próximas semanas, diz fundador da Teros.
Proximidade do fim do prazo para cumprir segunda fase deve gerar corrida nas próximas semanas, diz fundador da Teros.
O Open Banking, novo modelo de negócios que vai mudar definitivamente os padrões do sistema financeiro, ainda é pouco compreendido e tem gerado muitas dúvidas tanto para as empresas que deverão operá-lo quanto para os consumidores que deverão ser impactados diretamente.
Por um lado, o desconhecimento faz com que ainda grande parte das mais de centenas de empresas que aderiram ao sistema voluntariamente ainda não estejam prontas com os requisitos de implementação da segunda e terceira fases, que acontecem em 15 de julho, e 30 de agosto, respectivamente, de acordo com o cronograma estabelecido pelo Banco Central.
Entre os consumidores, que já começam a receber informações e solicitações para compartilhar seus dados entre os grandes bancos, nem mesmo o termo Open Banking é muito bem compreendido. Uma pesquisa realizada pelo C6 Bank/Ipec mostrou que 56% das pessoas com acesso à internet nunca ouviram falar dele.
Segundo Juan Ferrés, fundador da Teros, empresa especializada em soluções e estratégia aliada à gestão inteligente de dados, apesar das dificuldades iniciais, o Brasil tem aprendido com as iniciativas de outras partes do mundo, principalmente com a experiência inglesa.
Por lá, a novidade também demorou a cair no gosto popular. Três anos após a implantação do Open Banking, apenas 3 milhões de cidadãos e empresas usam produtos e serviços ligados a ele, o que representa apenas 7% da população adulta do país. “Observar o que deu certo lá e o que não funcionou contribui para evitar um grande número de erros que poderiam ocorrer nessa fase de implantação”, avalia Ferrés.
Já de início, o desafio das 276 instituições financeiras que aderiram ao sistema é lidar com a criação das chamadas APIs — padrão de comunicação definido para o compartilhamento de dados entre os bancos — e a armazenagem segura das informações. “O exemplo europeu nos ensinou que é preciso um padrão entre as APIs para viabilizar a integração”, conta Ferrés.
Além disso, investir na melhor experiência para o usuário dar o seu consentimento e autorizar a liberação de seus dados, será um fator crítico de sucesso. O mercado precisará de uma solução flexível e que compatibilize a adequação regulatória e sua estratégia de negócio.. “As empresas precisam se atentar ao arcabouço legal e a todos os processos que protegem e regulam o tráfego dos dados”, explica.
Ferrés acredita que no próximo mês deverá ocorrer uma corrida por soluções de integração de sistemas que contemplem a segurança de dados. “Mesmo as grandes empresas que decidiram criar internamente sentem a necessidade de buscar ferramentas que aceleram a implantação para poder atender ao cronograma do Bacen e garantir o cumprimento das normas sem risco de receber multas ou outras penalidades”, avalia. Aqui, mais uma vez, vale lembrar do exemplo inglês. Na data prevista para a implantação do programa, cinco instituições não estavam prontas e tiveram que pedir mais prazo. Assim, o funcionamento pleno do sistema, previsto para janeiro de 2018, ocorreu apenas em março daquele ano.
De acordo com Ferrés, o passo seguinte está ainda mais fora do radar das empresas que, segundo o executivo, ainda não se atentaram ao fato de que mais do que armazenar dados, é preciso ter capacidade de inovar e antecipar a geração de novos negócios e a integração ao business. “É nesse momento que o consumidor deverá realmente entender os benefícios do Open Banking ou, ainda mais, toda a diversidade de possibilidades oferecidas pelo conceito de Open Finance”, diz.
Segundo Ferrés, em pouco tempo o consumidor deverá, por exemplo, receber duas ou mais propostas de parcelamento ao finalizar uma compra em uma loja física ou mesmo em um market place. Preencher cadastro será algo bem mais simples com o open banking, sempre que o consumidor permitir o acesso aos seus dados cadastrais. Além disso, a oferta de crédito deve ser muito mais assertiva e competitiva, sob medida para cada cliente, a partir do conhecimento do histórico financeiro do consumidor
“A oferta de produtos é apenas o primeiro passo que deverá chegar ao consumidor final. Com o avanço do que chamamos de Open Finance e as possibilidades que o compartilhamento de dados irá oferecer, em breve será possível, por exemplo, locar um carro ou fazer check-in em um hotel com apenas um clique, utilizando seus dados disponibilizados de forma segura e eficiente pelo novo modelo”, exemplifica o executivo.
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