Investimentos em tecnologia devem crescer mais de 10% ao ano até 2027
São Paulo, SP 6/4/2022 – Foi-se o tempo em que a missão dos executivos de finanças era limitada à gestão dos livros, ativos e riscos financeiros das empresas.
Em um levantamento global realizado pela International Data Corporation (IDC), 88% dos líderes de empresas entrevistados afirmaram que devem investir cerca de 11% entre 2022 e 2027 em produtos digitais, serviços e experiências. Segundo especialista, a digitalização chegou também nos setores financeiros das empresas.
A pandemia da Covid-19 acelerou uma tendência que era esperada para um futuro próximo, mas que já se faz presente: a transformação digital das empresas. Desde 2020, os investimentos em tecnologia deixaram de ser uma opção para virar uma necessidade de quem quer se manter competitivo. Segundo um levantamento global realizado pela International Data Corporation (IDC), com 389 líderes de grandes empresas ao redor do mundo, os investimentos em tecnologia só tendem a crescer. Pelo menos 88% dos entrevistados afirmaram que aumentarão os recursos para essa área em 11% entre 2022 e 2027.
Essa preocupação também faz parte do planejamento de micro e pequenas empresas. Apesar de os investimentos ainda serem tímidos e não estarem no topo de prioridades, como ocorre com as empresas de maior porte, 66% dos micro e pequenos negócios já iniciaram algum tipo de digitalização e inovação tecnológica, conforme mostrou estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Na digitalização entre os setores das companhias, um dos que não voltam mais atrás em inovação e investimento em tecnologia é o de finanças. As novas tecnologias para a gestão financeira já são realidade na rotina dos CFO (Chief Financial Officer ou Diretor Financeiro, em português), como explica o consultor Rubens Eduardo Oliveira, com mais de 25 anos de experiência em finanças corporativas e mercados financeiros.
“Foi-se o tempo em que a missão dos executivos de finanças era limitada à gestão dos livros, ativos e riscos financeiros das empresas. Mais do que o guardião dos resultados, controles e um conselheiro do CEO, os CFOs precisam ser cada vez mais copilotos dos negócios, liderando temas como a agenda ESG, a transformação digital das operações, e sendo catalizadores e orquestradores do crescimento sustentável das suas empresas. E neste ambiente cada vez mais complexo, a transformação das organizações financeiras é fundamental”, atesta.
Segundo Oliveira, a transformação digital dos departamentos de finanças deve incluir revisões e redesenho de processos, além de uma mudança profunda nas habilidades e conhecimentos dos profissionais dessa área. Ele explica que o redesenho é necessário porque não adianta digitalizar processos ineficientes ou que foram desenhados para o mundo analógico, pois isso gera poucos benefícios frente aos investimentos feitos.
“Os processos devem ser repensados levando-se em conta fluxos de trabalho e não silos ou departamentos. Quanto mais fluidos e ágeis forem os processos, melhores as chances de serem bem executados e cumpridos, resultando em benefícios financeiros e de controles. Portanto, os fluxos de trabalho devem ser repensados para que sejam mais inteligentes e tanto quanto possível automatizados e autônomos”, destaca.
Rubens Oliveira, que é graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Finanças Corporativas e Mercados Financeiros, complementa que os processos e sistemas devem ainda ser redesenhados para que a enorme quantidade de dados e informações que são geradas ao longo de todos os fluxos de trabalho possam ser capturados, analisados, interpretados e monetizados, seja retroalimentando uma governança de revisão contínua de processos visando redução de custos e despesas, seja alavancando melhorias nos produtos, serviços, processos de vendas e, por fim, a experiência dos clientes da empresa, o que contribui para o aumento das receitas.
Tecnologia sem pessoas não funciona, diz especialista
Para o consultor em finanças Rubens Eduardo Oliveira, a transformação digital nas empresas só será efetiva se envolver os colaboradores, pois eles serão os responsáveis pela viabilização das ferramentas tecnológicas nas rotinas dos departamentos financeiros. Para lidar com essa tarefa, os colaboradores desse setor terão que se atualizar para lidar com tecnologias cada vez mais disruptivas.
“Hoje vemos perfis de cientistas de dados e tecnólogos agitando os corações dos centros de serviços financeiros das empresas, transformando dados em informações e análises para serem consumidos por outros atores da organização, dentro e fora de finanças. Também vemos cada vez mais tribos e squads agile trazendo eficiência e fluidez para as atividades, maximizando o tempo empregado em atividades de alto valor por todos os profissionais de finanças”, comenta.
Ele ressalta que a tecnologia hoje permite automação de serviços que antes só eram realizados por humanos, com o uso de ferramentas como aprendizado de máquina, inteligência artificial ou internet das coisas (IOT), que ajudam nas tomadas de decisões. No entanto, nesse processo, as pessoas são necessárias para fazer o que as máquinas ainda não conseguem fazer.
“São estas tecnologias que permitem hoje a inversão da lógica da revolução industrial, de pessoas realizando tarefas suportadas por máquinas, para máquinas realizando tarefas e sendo suportadas por pessoas, ou seja, as pessoas são acionadas nas situações em que as máquinas e sistemas não conseguem resolver sozinhos. Esse é o futuro? Não, esse é o presente”, conclui.
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