Manno Góes anunciou sua saída do Jammil
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Agora é oficial! Depois do burburinho que rolou após o Carnaval, Manno Góes resolveu anunciar que vai deixar de tocar no Jammil.
Na manhã deste sábado (25), o músico usou sua página no facebook e fez um logo texto de despedida. Manno – que já compôs os maiores sucesso do grupo e atua como baixista da banda – disse que ama tocar, mas que já está cansado da estrada.
“Tá chegando minha hora de sentar atrás de uma mesa e contribuir melhor de fora do palco. Investir em novos talentos. Novas apostas. Amo tocar. Mas tô cansado”, diz um trecho do que ele escreveu na rede social.
Sobre o parceiro de jornada, o cantor Levi Lima, o músico foi direto: “Se antes tinha o que ensinar a Levi, hoje só tenho o que aprender com ele. Muito orgulho tenho de minha história. De Levi. E do que houve antes de Levi. Orgulhoso pelo Jammil, pelo que fiz, por Levi e nossas conquistas. Aposta boa que fiz”.
E por falar em Levi, o cantor disse ao iBahia, na manhã deste sábado (25), que foi pego de surpresa com as decisão do parceiro. “Eu estou surpreso. Acordei com a sua ligação e não estava sabendo de nada. Estamos em Florianópolis para um show e realmente não sei de nada “, contou ele à reportagem do portal.
Levi disse que já havia conversado com Manno sobre o assunto, mas que não imagina que era algo tão planejado. “A gente já falou sobre isso por alto, como qualquer pessoa que fala sobre futuro e projetos e carreira. Mas nada tão direto e planejado. Realmente, fui pego de surpresa com essa notícia”, reforçou.
Questionado sobre algum tipo desentendimento com o músico, Levi foi categórico: “Nada de desentendimento. Como qualquer grupo, discordamos em alguns pontos, mas sempre buscamos os pontos em comum em acordo e decidimos o melhor para o trabalho. Sempre com muito respeito e maturidade. É tudo bem profissional”, disse ele, que ainda continuou: ”Nós temos uma relação de respeito, como qualquer relação de trabalho, que se iniciou com muita admiração. Quando não estamos trabalhando juntos, estamos com nossas famílias e acabamos não nos encontrando”, pontuou.
O iBahia tentou entrar em contato com Manno Góes, mas o celular do artista está na caixa postal.
Ainda em seu desabafo no Facebook, Manno tentou falar sobre futuro. “A cada show que faço me despeço de um pedaço de mim. E digo olá pra uma nova etapa. Vou me despedir em breve dos palcos. Preciso disso. Mas farei isso em paz. Feliz”.
Veja na íntegra o texto que Manno Gós escreveu na rede social:
“Meu Jammil de tantas mil e uma noites…
Eu nasci com o Jammil. Me tornei o que sou com o Jammil.
Eu vi o Jammil nascer. Ovular.
Florescer. Crescer. Frutificar.
Comecei tocando com Jauperi, recém saído do Olodum. Craque. Gigante. Maravilhoso artista. Amigo.
E então veio o Jheremmias. Depois, o Jammil.
E, sem querer, virei a interseção do passado, presente e futuro do Jammil.
Me vi depois de 15 anos com um grupo novo na estrada, tendo de mudar tudo e começar de novo, com novos integrantes, novos personagens.
Com rostos novos, cabeças novas, pensamentos novos, vícios novos.
Sozinho na estrada. Porém com meu mentor fiel, Paulo Borges, me apoiando.
E com a certeza de que nossa escolha, Levi, era a mais certa.
Tive fé no talento de todos, na renovação e no trabalho.
Hoje o Jammil é maior do que nunca foi. É muito louco isso, pois foi muito rápido o êxito da mudança.
E então me sinto em paz.
Sinto meu dever cumprido.
Se antes tinha o que ensinar a Levi, hoje só tenho o que aprender com ele.
Muito orgulho tenho de minha história.
De Levi. E do que houve antes de Levi.
Ganhei prêmios de música do ano duas vezes, troféus de banda revelação, melhor banda quatro vezes, melhor disco do ano duas vezes e indicações a prêmios Sharp e Grammy.
Cumpri de cabeça erguida meu papel.
Milla, Praieiro, Acabou, Tchau, Pra Te Ter Aqui, Ê Saudade, Minha Estrela, Chuva na Janela, De Bandeja, É Verão, Lança, Celebrar, entre outras, embalaram romances, carnavais, novelas, vidas.
Alegria maior não há.
É a tranqüilidade de pai que vê filho bem encaminhado.
Sou amigo da maioria dos jornalistas, radialistas, contratantes. Os vejo com vontade de sentar com eles pra tomar Chopp. Bater papo. Falar bobagem. Rir. Falar dos nossos filhos, livros, discos e sacanagens. Falar de futebol e filmes. De comentar sobre séries da HBO e rir dos videos do Porta dos Fundos. De reclamar da cerveja quente e do atendimento ruim. De contar piadas e reclamar do mercado ruim, nivelado por baixo.
Sobre música, o que mais posso falar? Que novidade posso contar?
Minha novidade é o que estará por vir. As pessoas que posso ajudar, como ajudei Levi.
Apenas enxergando o talento, a capacidade e a ambição – algo bem diferente que ganância.
A cada show que faço me despeço de um pedaço de mim. E digo olá pra uma nova etapa.
Tá chegando minha hora de sentar atrás de uma mesa e contribuir melhor de fora do palco. Investir em novos talentos. Novas apostas.
Amo tocar. Mas tô cansado.
Cansado de avião. De solidão de hotel. De noites viradas.
Depois de vinte anos sei que não fiz tudo isso por causa unicamente de mim, dos meus amigos e familiares; fiz principalmente pelos fãs. Pelas pessoas que retribuíam de forma estranhamente pessoal o que fazia por prazer. Nunca consegui ser hipócrita o suficiente pra absorver fãs como absorvo amigos. Primeiro, nunca fui cantor de banda, e sempre me senti mais tímido do que parecia. Fãs procuram cantores. isso é ótimo, pois sempre me permitiu ir à vontade em bares, cinemas, motéis, bregas, botecos. Nunca sabia nem soube se queriam tirar foto comigo. Ficava na minha, lendo meu livro, tomando meu whisque ou fumando meu cigarro. Quando vinham falar comigo, sempre retribuí carinhosamente e com gratidão. Mas sempre me foi estranho me sentir amado, já que entendia que o foco das atenções tinha endereço. Lidava com isso com indiferença. Talvez daí a interpretação errada de muitos que acharam que eu era distante com fãs. Enfim, foda-se.
Vou me despedir em breve dos palcos. Preciso disso. Mas farei isso em paz. Feliz.
Orgulhoso pelo Jammil, pelo que fiz, por Levi e nossas conquistas. Aposta boa que fiz.
Preciso viver. Nesse mundo de deserto tenho sede de amigos. Tenho amores que não podem voar comigo nas minhas viagens. Minha esposa, filha, pais, amigos, cachorros, plantas, tartarugas e ornitorrincos.
21 anos de avião. Observando e dizendo o que penso.
Criando barreiras. Inimizades. Justamente por enxergar além. E ter pica pra dizer o que poucos dizem. E me dando o direito de errar e mudar de opinião.
Experimentando de tudo um pouco. E um pouco de tudo.
Obrigado aos que me fizeram crescer, me emocionaram e se emocionaram com as músicas que escrevi e momentos que vivi.
Sou baixista. Bem diferente de ser cantor. Bem diferente mesmo. As vaidades são diferentes.
Sou humano, bem diferente de ser artista.
Quero me despedir de cabeça erguida, num grande ao vivo. Revivendo 20 anos de história.
Poderia me despedir pedindo perdão aos que magoei. Mas prefiro me despedir dizendo obrigado por tudo.
Cada show, é um “valeu”. Um “muito obrigado”. Um “adeus”.
E o Jammil continuará. Pois a alma é eterna.
Gravaremos em breve esse ao vivo. Até lá, vou me despedindo em gotas.
Lágrimas são gotas.
E as lágrimas não são necessariamente tristes. Ao contrário. Lágrima é soro!
Até sempre.
Beijosssss
Namastê!”
Por Aline Caravina/Rede Bahia/Ibahia