Jaques Wagner é indiciado pela PF na Operação Cartão Vermelho
O ex-governador Jaques Wagner e o atual secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, estão entre os indiciados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Cartão Vermelho que apura um esquema de corrupção envolvendo a demolição, construção e gestão da Arena Fonte Nova.
Há indícios de que a licitação que resultou na Parceria Público-Privada (PPP) que teve como ganhadora a Fonte Nova Participações (FNP), composta pela Odebrecht e OAS, tenha sido direcionada. Existe também suspeita de superfaturamento na ordem de R$ 450 milhões, com desvio de parte desses valores foi utilizada para pagamento de propina e financiamento de campanha eleitoral. Jaques Wagner teria sido beneficiário de R$ 82 milhões no esquema.
De acordo com a delegada Luciana Matutino, chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção, as pessoas ouvidas durante as fases preliminares da investigação apontaram que as decisões sobre a parceria público-privada (PPP) nº 02/2010, com a Fonte Nova Participações (FNP), passavam não apenas pela secretaria, mas também pela governadoria.
Segundo a delegada, os valores envolvidos no ato ilícito foram entregues em espécie, através de um preposto da Odebrecht, Cláudio Melo Filho – um dos executivos que formalizou o acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
“Apesar de não assinar o contrato, [Wagner] mantinha todo o poder decisório. Ele tinha o poder de revisar os custos do contrato, de decidir quem fiscalizava e ainda optou por não revisar os custos, não cobrar das empresas os valores. (…) E designou pra fiscalização uma secretaria que não tinha nenhum know-how pra realizar a fiscalização”, explica a delegada Matutino durante coletiva de imprensa da PF.
A Polícia Federal confirmou nesta que requereu a prisão do ex-governador Jaques Wagner, do secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, e do empresário Carlos Daltro. O pedido, no entanto, foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF-1).
Dauster é tratado como um dos intermediários entre o governo da Bahia e as empresas que compunham o consórcio, a OAS e a Odebrecht. Além do ex-governador e do ex-secretário, a PF indiciou ainda o empresários Carlos Daltro, tratado como “muito próximo do então governador”. Todos os citados foram alvos de mandados de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira (26).
A Polícia Federal foi até o condomínio Victory Tower, onde cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do ex-governador e atual secretário de Desenvolvimento Econômico Jaques Wagner. As equipes saíram do prédio com malotes.
Por Luana Ribeiro / Fernando Duarte / Francis Juliano / Ailma Teixeira