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28/05/2025

Catarata afeta 70% dos idosos brasileiros

Catarata afeta 70% dos idosos brasileiros

Com o avanço da idade, surgem os primeiros sinais de que os olhos já não enxergam como antes. Tarefas simples como ler um rótulo, dirigir ou caminhar em segurança tornam-se desafios crescentes. Estes são alguns dos sinais característicos do avanço da catarata, condição ocular que provoca o embaçamento progressivo da visão. Dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) indicam que a catarata afeta cerca de 75% dos brasileiros com mais de 70 anos de idade.

A doença é causada pela opacificação do cristalino — espécie de ‘lente natural do olho’ — e compromete de forma silenciosa a independência e o bem-estar das pessoas. “O que muitos não sabem é que a catarata, apesar de comum na terceira idade, não deve ser encarada como uma ameaça à visão e à qualidade de vida, pois, embora seja inevitável, o tratamento cirúrgico é seguro e rápido”, afirma o oftalmologista Newton Kara José Junior, do Sírio-Libanês e professor da Faculdade de Medicina da USP.

Segundo o especialista, o tratamento cirúrgico é altamente eficaz e, quando realizado no momento correto e em condições adequadas, pode transformar a vida do paciente, devolvendo sua visão, autonomia e qualidade de vida. No procedimento, que é rápido, indolor e com alto índice de sucesso, o cristalino é substituído por uma lente intraocular. “Na grande maioria dos casos, o paciente recupera a visão com nitidez, podendo retomar suas atividades normais em poucos dias”, explica o especialista.

Um estudo recente publicado no American Journal of Ophthalmology, conduzido por Newton Kara José Junior, analisou três décadas de políticas públicas brasileiras voltadas ao combate da cegueira por catarata. A pesquisa aponta que o acesso à cirurgia cresceu significativamente com a criação da Campanha Nacional de Catarata (CNC), em 2003, que garantiu financiamento federal irrestrito. Naquele ano, o número de procedimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) saltou de 130 mil para 430 mil.

Com a suspensão da campanha em 2006, o volume de cirurgias despencou, só voltando a se estabilizar após 2011, quando o Ministério da Saúde adotou novos modelos de contratação, incluindo clínicas privadas. Um dos achados mais relevantes do estudo foi a desigualdade regional: Norte e Nordeste — apesar de economicamente mais vulneráveis — apresentaram maior cobertura proporcional de cirurgias do que as regiões Sul e Sudeste.

Para Kara José Junior, o avanço real depende de políticas públicas consistentes e sustentadas. “É preciso investir continuamente, com base em dados epidemiológicos, além de capacitar profissionais e promover o diagnóstico precoce”, defende.

Esse último ponto é essencial. Muitos idosos associam a visão embaçada apenas ao envelhecimento natural, e por isso adiam a busca por ajuda médica. A recomendação é que a consulta oftalmológica se torne rotina a partir dos 50 anos, para identificação precoce da catarata e de outras doenças oculares.

Com o Brasil se aproximando de 25% da população idosa até 2060, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os desafios da saúde ocular tendem a se intensificar. “Conscientizar a população e fortalecer o sistema público de saúde são caminhos essenciais para que a catarata não continue sendo uma das principais causas de cegueira no país, finaliza o especialista.