Furtos em alta: quadrilhas especializadas driblam segurança

A Secretaria estadual de Segurança Pública de São Paulo registrou em janeiro um aumento de 3,2% nos casos de furto. Foram 48.026 ocorrências registradas no primeiro mês de 2025 ante 46.507 no mesmo período do ano passado. Entre outros fatores, esse número reflete a atuação cada vez mais especializada de quadrilhas que invadem condomínios.
Esses grupos utilizam diferentes disfarces e artifícios para driblar as regras e sistemas de segurança e acessar casas e apartamentos que seus proprietários acreditavam estar seguros, levando bens como joias e eletroeletrônicos. Além disso, há uma crescente exploração de falhas em sistemas de controle de acesso e na capacitação de porteiros e seguranças.
Modus operandi das quadrilhas
Uma dessas estratégias mais comuns adotadas por essas quadrilhas é se passar por agentes públicos. Em fevereiro, um condomínio na Zona Sul da cidade de São Paulo foi invadido por homens que se passavam por funcionários da Sabesp, companhia de água e esgoto da capital.
Sob pretexto de executar uma vistoria na rede de água do empreendimento, eles tiveram acesso aos apartamentos, levando celulares, televisores e outros objetos de valor dos condôminos. O prejuízo estimado foi de cerca de R$ 20 mil.
Outro método comum é simplesmente se passar por visitantes ou moradores. Utilizando jovens de boa aparência, essas quadrilhas conseguem enganar os porteiros e promover arrastões nas unidades.
Segurança exige planejamento e tecnologia
Para conter essa onda de invasões, especialistas recomendam a combinação de treinamento dos profissionais com o investimento em tecnologia. Também é preciso ter medidas de prevenção, mas também um plano de resposta em caso de ocorrências.
“Os membros dessas quadrilhas são pessoas persuasivas. Se expressam bem e se vestem como se fossem moradores ou mesmo servidores públicos. É muito difícil, apenas com o trabalho humano, evitar a ação desses criminosos. É importante combinar treinamento da mão de obra com investimento em tecnologia”, analisa o especialista em armamento, perícia e segurança estratégica, Sandro Christovam Bearare.
Bearare destaca que um protocolo de segurança eficaz deve prever diferentes níveis de emergência e definir ações específicas para cada tipo de ameaça. “Um protocolo de segurança eficaz deve ser estruturado em níveis de emergência, definindo ações específicas para cada tipo de ameaça e detalhando as responsabilidades de cada setor e colaborador. Ele deve conter procedimentos para controle de acesso, monitoramento contínuo, evacuação, comunicação de incidentes e resposta a crises. Além disso, é essencial estabelecer funções emergenciais e a divisão de tarefas, garantindo que todos saibam como agir em situações de risco, minimizando falhas e otimizando a reação. A organização e o treinamento contínuo são fundamentais para que o protocolo seja eficiente na proteção de pessoas e bens”, conclui.
Itens de segurança por nível de investimento
Com 15 anos de experiência, pós-graduado em Perícias Criminais e Ciências Forenses e mestrando em Gestão de Conflitos, na Flórida (EUA), Bearare explica quais são os itens indispensáveis para um sistema de segurança em condomínio. Ele os divide de acordo com a capacidade de investimento dos condôminos:
Todo condomínio tem que ter:
- Câmera de segurança
- Iluminação interna e perimetral
- Iluminação por sensores
- Barreiras de proteção mecânica primária. Cercas e concertinas
- Botão de pânico
- Treinamento constante para funcionários.
- Investigação social de contratados
Podem deixar mais seguro:
- Portaria com clausura e blindagem
- Sistema de reconhecimento facial
- Treinamentos constantes de segurança para responsáveis pelo acesso
- Detectores de metal
- Geradores de energia para sistema de segurança
“É caro, mas vale a pena”:
- Drones para monitoramento perimetral
- Vigilância armada 24h
- Expandir áreas blindadas.
- Sistema OCR nas câmeras principais.
- Sistema de comunicação emergencial entre moradores e segurança
- Monitoramento plural e dedicado por mais de uma empresa de vigilância remota. Em tempo real
- Equipe médica de plantão
- Helicóptero de resgate e evacuação de prontidão.
- Cápsula blindada para evacuação em caso de incêndio
- Elevadores com sistemas e tratamento e preparo para evacuação em caso de emergência.