Publicação aponta dados de metas globais sobre HIV
De acordo com o relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), as metas globais para 2025 em relação às pessoas que usam drogas injetáveis apresentam desafios. A Estratégia Global para AIDS 2021-2026 estabelece objetivos ambiciosos para reduzir a disseminação do HIV e garantir acesso a tratamentos eficazes, mas os dados indicam que muitas dessas metas ainda estão distantes de serem alcançadas.
O relatório aponta que, em 2022, entre 480 mil e 880 mil pessoas morreram em decorrência da AIDS. A meta estabelecida busca reduzir esse número para menos de 250 mil mortes anuais até 2025. No entanto, a criminalização e o estigma social ainda representam barreiras significativas para o acesso a serviços de saúde essenciais para essa população.
Dados apresentados no documento indicam que 34 países mantêm legislações que preveem pena de morte para delitos relacionados às drogas. Além disso, uma média de 30% das pessoas que usam drogas injetáveis em cinco países relataram ter sofrido estigma e discriminação nos últimos seis meses. Em oito dos 14 países que forneceram dados recentes, mais de 10% dos usuários de drogas evitaram buscar serviços de saúde devido ao medo da discriminação.
Outro ponto crítico destacado pelo relatório é a baixa cobertura de serviços de prevenção ao HIV. Nos 20 países que reportaram dados, apenas 37% das pessoas que usam drogas injetáveis receberam pelo menos dois serviços de prevenção ao HIV nos últimos três meses. A meta global prevê que 95% dessas pessoas tenham acesso a opções eficazes e adequadas de prevenção combinada.
A disponibilização de seringas esterilizadas também segue abaixo do esperado. Atualmente, programas de distribuição de agulhas e seringas estão operacionais em 92 países. No entanto, desde 2018, apenas cinco dos 44 países analisados forneceram o número recomendado de mais de 200 agulhas e seringas por usuário anualmente. Menos de 25% das pessoas que usam drogas injetáveis vivem em países com cobertura adequada desses insumos.
Sobre o assunto, Kalleo Lima Bueno, proprietário e responsável pela Clínica de Recuperação Grupo Clínicas Vitalle, afirmou que o relatório do UNAIDS evidencia um dos maiores desafios globais no combate ao HIV: a vulnerabilidade das pessoas que usam drogas injetáveis. Kalleo continuou dizendo que o estigma social não apenas dificulta o acesso a tratamentos e programas de prevenção, mas também perpetua um ciclo de marginalização e riscos à saúde. “Esse cenário exige uma mudança estrutural nas políticas públicas. Centros especializados, como uma Clínica de Recuperação em Guarulhos em São Paulo, podem desempenhar um papel fundamental na reinserção social e no suporte a essas pessoas, oferecendo um ambiente seguro para reabilitação e tratamento”.
A publicação realizada cita a importância da descriminalização do uso de drogas como medida essencial para atingir as metas globais. O relatório recomenda que menos de 10% dos países ainda criminalizem a posse de pequenas quantidades de drogas até 2025. Além disso, sugere que 30% dos serviços de testagem e tratamento sejam prestados por organizações lideradas pela comunidade, ampliando o alcance e a efetividade das ações de combate à epidemia de HIV entre usuários de drogas injetáveis, conforme citado no estudo.
Perguntado sobre o estudo, Kalleo afirmou que se os países não adotarem políticas mais humanizadas e baseadas em evidências, as metas globais para 2025 ficarão cada vez mais distantes. “O investimento em prevenção e no combate à discriminação será decisivo para reverter esse quadro e evitar que mais vidas sejam perdidas”.