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15/03/2021

Dupla de engenheiras desenvolve sistema de detecção de rompimento de barragens

Dupla de engenheiras desenvolve sistema de detecção de
rompimento de barragens

Nova Lima, Minas Gerais 15/3/2021 – Hoje o GeoCOD já está presente em 15 unidades de negócio e mais de 60 barragens, mas
ainda há um grande mercado a ser conquistado.

A Geomin, fundada em 2019 após o acidente em Brumadinho, já tem seu produto presente em
mais de 60 barragens e planeja ampliar seu portfólio de soluções para mineradoras

Se a barragem que rompeu em Brumadinho no dia 25 de janeiro de 2019 possuísse um sistema ágil e eficaz de acionamento de sirenes, muitas vidas teriam sido salvas no acidente. É o que faz o principal produto desenvolvido por Jéssica Salomé e Pâmela Leite na Geomin, empresa que a dupla de engenheiras fundou naquele mesmo ano e segue sendo uma das únicas do mercado brasileiro a oferecer equipamentos dedicados à detecção de rompimento de estruturas.

Operando em parceria com as mineradoras, para quem vendem seus produtos, as empreendedoras ajudam a evitar o dano humanitário de tragédias que, infelizmente, foram recorrentes no passado recente do Brasil: o rompimento de barragens de rejeito de minério, como a de Mariana, em 2015, e a de Brumadinho, há 2 anos.

Nessas situações, são as sirenes que comunicam o rompimento aos funcionários da mineradora que trabalham no local e às populações que vivem próximas, permitindo a evacuação da área em tempo hábil. Tanto em Mariana como em Brumadinho, não houve o acionamento do sistema de alarme sonoro – moradores de povoados próximos e funcionários foram pegos de surpresa e, infelizmente, muitos não tiveram tempo hábil para sair da zona de perigo. ” As sirenes teriam salvado vidas”, resume Jéssica.

A instalação desses sistemas em áreas que podem ser atingidas pelo rompimento é obrigatória – e na sequência dos acidentes que ocorreram no país, diversas portarias e leis reforçaram essa necessidade. “A Agência Nacional de Mineração ficou bastante exigente com as mineradoras, que são obrigadas a ter um sistema de acionamento de sirene automático, que não depende de operador”, explica Pamela. Foi na esteira desse enrijecimento jurídico que as duas tiveram a ideia de desenvolver o seu próprio sistema, mais inovador: o GeoCOD, hoje principal produto da Geomin.

Segundos que salvam vidas

Além de fazer o acionamento automático das sirenes, o GeoCOD possui outro diferencial determinante: o tempo de resposta. Ele é capaz de identificar um colapso em 2,3 segundos. Segundo elas, as demais soluções que mapearam no mercado, além de mais demoradas, costumam ser importadas, o que encarece e atrasa a implantação.

“Grande parte dos sistemas de monitoramento que existem hoje necessitam de intervenção na própria estrutura da barragem para serem instalados, e nossa solução não”, acrescenta Jéssica. Para ela, é essa simplicidade que garante a agilidade de todo o processo de implementação, que é feito pela própria Geomin em menos de uma semana.

Hoje o GeoCOD já está presente em 15 unidades de negócio e mais de 60 barragens, mas ainda há um grande mercado a ser conquistado. Segundo a Agência Nacional de Mineração, 253 barragens espalhadas por todo o Brasil possuem o chamado Dano Potencial Associado Alto, o que significa que o rompimento traria alto impacto à comunidade e ao meio ambiente, e por isso mesmo são obrigadas a possuir sistema de acionamento automático das sirenes. Ainda segundo a agência, 45 estruturas estão em nível de emergência.

Em um mercado dominado por homens e multinacionais, a startup brasileira Geomin e suas duas fundadoras têm mostrado a que vieram. Atualmente, dizem não sofrer mais com o descrédito muitas vezes ainda reservado às mulheres no mercado de trabalho – o preconceito foi sentido mais no começo da operação -, mas levam a bandeira da diversidade a sério. “A gente tem uma política dentro da empresa de inclusão. Por ser um mercado ainda muito masculino, nem sempre é fácil achar mulheres, mas buscamos isso ativamente, e também olhamos para diversidade sob outros olhares, como o étnico, o de identidade de gênero e o religioso”, explica Pâmela, que hoje se dedica à gestão dos processos internos da empresa e ao contato direto com os clientes.

A empresa está investindo pesado no desenvolvimento de novos produtos também voltados ao monitoramento de barragens, tais como piezômetros, inclinômetros, turbidímetros, entre outros. Para colocar de pé uma solução tão complexa, as empreendedoras contam com o apoio de um time especializado e pretendem dobrar o tamanho da equipe em 2021. O objetivo é trazer mais segurança, eficiência e responsabilidade social para as empresas que trabalham com mineração, setor que responde por aproximadamente 4% do PIB brasileiro.

Website: http://geomin.com.br