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18/11/2021

Atores latinos pedem mais representatividade em Hollywood

Atores latinos pedem mais representatividade em Hollywood

Los Angeles 18/11/2021 – Hollywood está mais aberta para talentos estrangeiros, mas não menos exigente

Menos estereotipados, os brasileiros ganham espaço no cinema interpretando diferentes nacionalidades.

Depois de críticas e protestos pela falta de diversidade, produções de TV e cinema norte-americanos encerram 2021 com recordes de representatividade. Segundo recente pesquisa divulgada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), pela primeira vez na história, pessoas não-brancas tiveram uma porcentagem maior de papéis atuantes na TV aberta, 43,4%, do que sua porcentagem geral da população dos EUA, 14,2% segundo último censo do país. Já hispânicos e latinos, que somam 18.5% da população norte-americana, tiveram apenas 6,3% de papéis na TV aberta no país, levantando debates sobre mais representação. Em 2019, o estudo apontou que apenas 4,5% dos personagens com falas em Hollywood eram de origem latina. 

“Na comunidade, existem muitos escritores, diretores, produtores e atores talentosos que não tiveram a chance de obter a experiência necessária para chegar a Hollywood. Mas os que se destacam podem ajudar a desenvolver novos talentos e abrir mercado”, diz a atriz Eva Longoria, que fundou a UnbeliEVAble com o objetivo de conectar talentos latino-americanos com produções nos Estados Unidos. 

Apesar dos números, atores brasileiros apontam mudanças positivas nos atuais castings norte-americanos. No ano passado, a atriz brasileira mais bem-sucedida em Hollywood, Alice Braga, ingressou no panteão dos super-heróis do cinema com Os Novos Mutantes, da Marvel, interpretando a médica de origem porto-riquenha Cecilia Reyes. O elenco traz também o brasileiro Henry Zaga como o herói Mancha Solar. Em O Esquadrão Suicida, lançado em agosto, Alice vive a heroína Sol Soria, uma nativa de Corto Maltese, reforçando o talento da atriz para interpretar papéis de outras nacionalidades. Como protagonista da série A Rainha do Sul, ela vive a mexicana Teresa Mendoza, que vai à quinta temporada em 2022. “Me sinto honrada de fazer parte desse movimento que busca mais espaço para os latinos, mostrando nossa potência artística”, disse. “A abertura de Hollywood a atores e personagens de outros países é real”, afirma Alice.

Para o ator Rodrigo Santoro, reconhecido internacionalmente, o maior desafio dos latinos em Hollywood é fugir de papéis estereotipados, quase sempre relacionados à violência e sensualidade. “Para refletir o mundo atual, as produções estão finalmente olhando para isso com mais cuidado e nos oferecendo papéis mais elaborados”, diz. Este ano, o ator foi escalado para viver o navegador português Fernão de Magalhães na série Sem Limites, da Amazon Prime Video, ainda sem data de lançamento. “Hoje, somos vistos como mais um estrangeiro em Hollywood. Com isso, concorremos com sul-africanos e australianos, por exemplo. Ou seja, ao mesmo tempo em que o leque se abriu, a competição também”, fala.

Ciente do desafio, uma nova safra de atores brasileiros busca se destacar em Hollywood não por seu país de origem, mas pelo dinamismo na atuação. É o caso do ator carioca Gabriel Quintella, de 23 anos, atual aluno de Larry Moss, coach de estrelas de Leonardo DiCaprio, em Los Angeles. “Para alcançar o nível dos grandes atores internacionais, é preciso estudar tanto quanto eles”, acredita Gabriel. Em 2019, ele interpretou um dos maiores dramaturgos brasileiros, Domingos de Oliveira, na peça Os Melhores Anos das Nossas Vidas, e agora aguarda a estreia de Temporada de Verão, série original da Netflix, para desfrutar da projeção internacional do show que será exibido em mais de cem países. “Hollywood está mais aberta para talentos estrangeiros, mas não menos exigente com a qualidade da atuação”, diz. Além de aulas de atuação e inglês, Gabriel estuda diferentes sotaques e culturas, a fim de se preparar para o mercado em expansão. “É importante ter boas referências no cinema e estar pronto para interpretar personagens fora da zona de conforto, inclusive alguém de uma nacionalidade diferente”, afirma.

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