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09/08/2022

Qual o futuro da IA em um cenário pós-pandemia?

Qual o futuro da IA em um cenário pós-pandemia?

9/8/2022 – A humanidade tem mostrado resiliência e capacidade adaptativa superior a qualquer outro ser vivo e, até mesmo, sobre máquinas

Dados apontam para o avanço de IA no Brasil desde o início do século 21; engenheiro de inovação fala sobre o mercado e as perspectivas da relação “homem X máquina” no país

Um estudo publicado em abril de 2021 pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), com base em dados do Ministério da Economia e da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) revelou que o número de depósitos de pedidos de patente relacionados à IA (Inteligência Artificial) cresceu 600% no país desde o ano 2000.

De forma síncrona, o número de depósitos de pedidos de patente em todas as áreas cresceu 100%. Para Lenardo José Saraiva de Castro, engenheiro de inovação formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e pesquisador de tecnologias, os indicativos apontam para o potencial da IA para a indústria nacional.

Ele explica que, de uma forma sucinta, IA é um sistema composto por hardware e software que permite que máquinas e dispositivos aprendam com seu funcionamento e passem a executar tarefas baseados na experiência adquirida.

“Entre suas aplicações, vemos a IA em robôs, linguagens, análise de grandes e complexas estruturas de dados, por exemplo. Uma soma de fatores leva empresas e profissionais ligados à área a um terreno desconhecido, com possibilidades novas e infinitas, extraordinárias e imprevisíveis. Essa imprevisibilidade torna a técnica assustadora”, analisa.

Na análise de Castro, a alta conectividade, ultra alta velocidade e baixa latência das plataformas de telecomunicações a partir da 5G, e, ainda, a sexta geração dos computadores quânticos ultrarrápidos, serão capazes de potencializar a IA a níveis ainda a serem testados, podendo se especular que as máquinas vão superar o cérebro humano.

O “2022 AI Index Annual Report”, publicado pelo Stanford Institute for Human-Centered Artificial Intelligence (HAI), apresenta que os investimentos privados em IA mais que dobrou de 2020, ano da pandemia, para 2021 e atinge 95 bilhões de dólares, diz ele.

O especialista chama a atenção para o fato de que o interesse pelo tema pode superar diferenças geopolíticas: “Os Estados Unidos e a China dominam os números de colaborações multinações o para desenvolvimento de projetos de pesquisas conjuntas em IA à frente, por exemplo, ao número de projetos desenvolvidos em conjunto pelo Reino Unido e China”.

Castro destaca que os robôs já substituem a mão humana em diversas indústrias e geram desemprego. “Agora, com capacidade de aprender a disseminação das máquinas com IA, esse elemento cresce substituindo, muitas vezes para melhor, o trabalho de empregados de carne e osso, sem risco de greves e ações trabalhistas, com ganho de competitividade”.

O pesquisador de tecnologias acrescenta que, ao analisarem a base de dados de SACs (Sistemas de Atendimento a Clientes) com IA, as máquinas smart processam as informações dos consumidores, conduzindo-os para áreas de interesses e, assim, expandindo a exposição do cliente a outras possibilidades, aumentando os números de negócios realizados.

“Modelagens de linguagem baseadas em IA estão cada vez mais capazes, pois são, a todo tempo, treinados para aprender, entender a linguagem desde o significado e ampliar o vocabulário. Além do mais, com IA as modelagens aprendem o ‘tom’, compreendendo as linguagens sub explícitas nas conversações”, afirma Castro. “Em 2021 foram estimados 280 bilhões de modelos de parâmetros de linguagem, o que representa 29% de crescimento em relação ao ano anterior”, reporta.

Homem X máquina no futuro pós-pandemia

Castro destaca que, enquanto o desempenho em IA cresce, os custos caem. “O braço de robôs teve seu preço médio decaído em quase 43% em cinco anos. Desde 2018, o custo de treinar uma classificação de imagens caiu 63,6%, enquanto a velocidade de treinamento melhorou em 94.4%, conforme o “2022 AI Index Annual Report da Stanford University”, cita.

No mundo pós-pandemia, prossegue o especialista, e com a economia mundial em tempos difíceis, a preocupação com as novas tecnologias cresce, pois as distâncias e concentração de renda de países desenvolvidos e em desenvolvimentos será ainda maior.

“A tecnologia IA embarcada em smart máquinas poderá sufocar a relação emprego capital, trazendo mais turbulências. Por outro lado, as aplicações na área de saúde que permitem diagnósticos precoces junto com nanotecnologia apontam para aumento de longevidade sem precedentes”, observa Castro.

Ele ressalta que, recentemente, o Google demitiu o engenheiro Blake Lemoine que afirmou que o LaMDA, software de IA da empresa, tem sentimentos comparáveis aos de uma criança de oito anos. “Bill Gates já havia afirmado, em 2021, que a humanidade deve se preocupar com a IA pois ela pode ser uma ameaça ao nosso futuro”, acrescenta.

Para o engenheiro de inovação formado pelo ITA, se, por um lado, a possibilidade de dividir com as máquinas o aprendizado pode parecer assustadora, a humanidade tem mostrado resiliência e capacidade adaptativa superior a qualquer outro ser vivo e, até mesmo, sobre máquinas. “A capacidade cerebral humana posta em rede pelos meios de comunicação ainda é insuperável”, afirma Castro.

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