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13/12/2022

Professor ensina física em vídeos curtos nas redes sociais

Professor ensina física em vídeos curtos nas redes sociais

13/12/2022 – Buscamos aproximar a ciência de todos e reduzir o pavor que muitos têm ao ouvir a palavra ‘física

Quase 20% dos estudantes do país relataram problemas com o aprendizado de física em 2021; o professor Carlos André explica como funciona o projeto virtual “Física Sem Atrito”

Em um dos diálogos mais conhecidos do século passado, Albert Einstein teria dito a Charles Chaplin: “Você não diz uma palavra e, ainda assim, todo o mundo o entende”. Ao que Chaplin teria respondido: “O mundo admira você sem entender uma palavra do que você diz”. O encontro ocorreu em janeiro de 1931, quando o físico alemão prestigiou a pré-estreia do filme “Luzes da Cidade”, no Los Angeles Theater, nos Estados Unidos.

A afirmativa do comediante inglês, considerado o maior nome do cinema mudo, ecoa no Brasil até hoje: 19,7% dos estudantes do ensino fundamental II e médio de todo o país relataram problemas com o aprendizado de física em 2021, segundo um levantamento inédito da TutorMundi.

Além disso, 32,5% dos alunos entrevistados tiveram dificuldades com matemática e 13,6% não compreenderam química. A pesquisa foi realizada com base em 10 mil aulas individuais ministradas no segundo trimestre do último ano.

É nesse panorama que, para o professor de física Carlos André, a tecnologia pode facilitar o aprendizado com a disciplina difundida por Einstein e atenuar o estranhamento das pessoas – citado por Chaplin – com a ciência conhecida pelo autor da Teoria da Relatividade. 

Carlos André é físico formado pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), autor do livro “Física Moderna Experimental e Aplicada”, empreendedor, influenciador digital, palestrante e fundador do Over Colégio e Curso, escola que dirigiu durante vinte e quatro anos. Como professor, o físico atua há mais de trinta anos na preparação de estudantes para os exames das principais universidades federais do país.

Ele conta que lançou o projeto virtual “Física Sem Atrito” no dia 28 de outubro. Desde então, a série de vídeos curtos em que ele explica conceitos da física já atingiu milhares de visualizações por meio de seu perfil em espaços como Instagram, Tik Tok, Youtube e Facebook.

Em suas redes, o professor acumula, aproximadamente, 150.000 seguidores. No Instagram, um único vídeo sobre um trabalhador que incendiou um caminhão ao gerar uma descarga elétrica já conta com mais de 2 milhões de visualizações.

Informação acessível

Segundo Carlos André, o projeto de vídeos curtos, sem fins lucrativos, não tem a pretensão de ser uma aula de física, mas uma explicação curta que qualquer pessoa possa entender.

“No vídeo do incêndio, vários seguidores comentaram que costumavam levar choques em maçanetas de portas e não entendiam por que isso acontecia. Alguns relataram acreditar que se tratava de problemas nos nervos e, até mesmo, de energia negativa, mau olhado, relata. “Dessa forma, buscamos aproximar a ciência de todos e reduzir o pavor que muitos têm ao ouvir a palavra ‘física’”, explica.

Entre os temas abordados nos vídeos, que são publicados duas vezes por semana, o professor aborda conceitos como a primeira Lei de Newton (que trata sobre a inércia), absorção de radiação solar versus cor do objeto, rotação e momento de inércia, eletrização por atrito, choque,  pressão atmosférica e levitação sonora. “Aos pouquinhos, em menos de um minuto, a gente tenta explicar temas complexos de uma forma acessível para o público em geral”.

Ciência para todos

De acordo com Carlos André, todos podem falar e gostar de ciência. Por isso, o projeto busca democratizar o acesso ao ensino de física de maneira simples, relacionando os conteúdos ao dia a dia e atingindo todos os públicos, de estudantes a curiosos.

“Democratizar o conhecimento científico é, sem dúvida, algo que o país precisa. Por isso, projetos que promovam educação e divulgação científica devem ser apoiados”, afirma. “Se o conhecimento científico fosse mais arraigado em nossa população, teríamos atravessado a pandemia com menos turbulências”, complementa.